A burocracia de abrir uma empresa é o primeiro obstáculo do empreendedor. Definir o modelo de negócio, entender regimes tributários e finalmente ter seu CNPJ é parte das escolhas de quem deseja ter uma empresa formal.
Ainda assim, muitas não passam do primeiro ano. O número de empresas que falham e fecham as portas é muito maior do que aquelas que alcançam o sucesso estrondoso. As que sobrevivem precisam estar atentas ao movimento do mercado e desviar das armadilhas que afetam o desempenho e o futuro do negócio.
Empresas que falham e fecham no primeiro ano
De acordo com dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 20% das empresas empregadoras fecham no primeiro ano de atividade. Isso significa que, a cada 5 empresas, quatro se mantêm operantes enquanto uma falha.
Percentual de empresas que fecham por porte
Na Análise de Abertura e Fechamento de Empresas realizada pelo SEBRAE com dados entre 2019 e 2024, observou-se um crescimento expressivo nas aberturas de empresas MEI e MPE que, juntas, foram de 3,1 milhões de registros em 2019 para cerca de 4,2 milhões em 2024. Por outro lado, os fechamentos também aumentaram, passando de 1,2 milhão para 2,4 milhões no mesmo período.
Segundo levantamento dos dados entre 2018 e 2021:
- MEIs: 29% fecham após 5 anos
- Microempresas: 21,6% fecham após 5 anos
- Empresas de Pequeno Porte: 17% fecham após 5 anos
Percentual de empresas que fecham por setor
MEI (Microempreendedor Individual) - 2024
Total de fechamentos MEI em 2024: 1.800.159 empresas
- Serviços: 59,7% (1.075.097 fechamentos)
- Comércio: 24,3% (437.148 fechamentos)
- Indústria: 9,0% (161.210 fechamentos)
- Construção: 6,5% (116.209 fechamentos)
- Agropecuária: 0,6% (10.495 fechamentos)
MPE (Micro e Pequenas Empresas) - 2024
Total de fechamentos MPE em 2024: 595.364 empresas
- Serviços: 49,4% (294.114 fechamentos)
- Comércio: 37,8% (225.050 fechamentos)
- Indústria: 6,9% (41.131 fechamentos)
- Construção: 5,3% (31.285 fechamentos)
- Agropecuária: 0,6% (3.784 fechamentos)
Em ambos os portes, a agropecuária apresenta as menores taxas de fechamento, sugerindo maior estabilidade. O setor de serviços apresentou a maior taxa de fechamento tanto para MEI (59,7%) quanto para MPE (49,4%), refletindo a alta concorrência e dificuldades de sustentabilidade nesse segmento.
Fatores que influenciam o encerramento das atividades de empresas
Agora que você já conhece os números, vamos ao que realmente importa: por que as empresas fecham? Veja cinco dos fatores mais recorrentes e como se preparar para lidar com esses desafios.
1. Falta de planejamento
Esse é o problema mais comum, e totalmente evitável. Muitos empreendedores abrem suas empresas sem:
- Pesquisar o mercado e conhecer os concorrentes
- Entender quem é o cliente ideal
- Fazer um plano de negócios realista
- Calcular custos operacionais
Como se preparar: Dedique tempo à fase de planejamento. Faça pesquisas, converse com outros empreendedores, valide sua ideia e crie projeções financeiras realistas antes de abrir as portas.
2. Burocracia tributária
Micro e pequenas empresas brasileiras gastam 180 horas por ano só com burocracia, e 1.502 horas anuais apenas com pagamento de impostos e contas tributárias.
Como se preparar: Contrate um contador de confiança desde o início, use ferramentas de gestão financeira que possam automatizar processos e se mantenha atualizado sobre obrigações fiscais para não cair na malha fina.
3. Impostos elevados
A carga tributária brasileira chega a 34% do PIB, uma das maiores do mundo. Para pequenos negócios, isso significa:
- Menos capital para investir em crescimento
- Margens de lucro mais apertadas
- Dificuldade para competir com negócios maiores
Como se preparar: Estude os regimes tributários disponíveis (Simples Nacional, Lucro Presumido, Lucro Real) e escolha o mais adequado para seu negócio. Um bom planejamento tributário pode economizar milhares de reais por ano.
4. Dificuldade de acesso ao crédito
Conseguir um empréstimo é um desafio para pequenos negócios:
- Exigências de garantias que muitos empreendedores não possuem
- Taxas de juros altíssimas
- Poucas linhas de crédito específicas para novos negócios
Como se preparar: Explore linhas de crédito do governo como o BNDES e considere investidores-anjo ou aceleradoras a depender do seu setor de atuação.
5. Falta de capital de giro
O capital de giro é o dinheiro necessário para pagar as contas do dia a dia: fornecedores, aluguel, salários, estoque. Segundo o SEBRAE, a falta de capital de giro foi um dos principais motivos de falência em 2020. Muitos empreendedores subestimam quanto dinheiro precisam para manter a operação rodando.
Como se preparar: Faça um fluxo de caixa projetado para pelo menos 6 meses. Considere sazonalidades e imprevistos. Uma boa reserva de capital de giro pode ser a diferença entre sobreviver a uma crise ou entrar para a estatística das empresas que falham.
Perguntas frequentes sobre empresas que falham
Quantas empresas fecham no primeiro ano no Brasil?
20% das empresas fecham no primeiro ano, segundo dados do IBGE. Isso significa que 4 em cada 5 empresas conseguem passar do primeiro ano de atividade.
Qual setor tem mais empresas que fecham?
Serviços é o setor com maior taxa de fechamento: 59,7% dos MEIs e 49,4% das MPEs que fecham são deste setor. O Comércio vem em segundo lugar (24,3% MEI e 37,8% MPE).
Por que as empresas falham no Brasil?
Os 5 principais motivos são:
- Falta de planejamento e pesquisa de mercado
- Burocracia tributária excessiva
- Carga tributária elevada
- Dificuldade de acesso ao crédito
- Falta de capital de giro
Quanto preciso de reserva para abrir uma empresa?
Tenha capital de giro para, no mínimo, 6 meses de operação, cobrindo todas as despesas fixas e variáveis, mais 20-30% de margem de segurança para imprevistos.


